Trajetoria

Origens e histórias de um “quase” jogador de futebol em São Paulo

Nascido em 1974 na cidade de São Paulo, Bruno Vichi sempre foi uma criança extrovertida e vibrante. Palmeirense fervoroso, estudou todo tempo em uma escola católica do bairro do Brooklin – Colegio Meninópolis – e adorava praticar esportes, principalmente futebol. Seu maior feito foi ter disputado a Copa DanUp de futsal no ano de 1990 pelo Colégio. Naquele campeonato, realizou grande partida transmitida pela Radio Jovem Pan, com narração de Edemar Annuseck e comentários do grande Wanderley Nogueira. Ao final, Bruno foi entrevistado e recebeu o premio “Bom de Bola” por ter anotado 5 gols naquela peleja. Para uma criança de São Paulo forjada nos anos 80, aquilo era a glória… (pelo menos para o Bruno parecia ser… rs)

 

Atividades acadêmicas de um estudante de Direito nas suas mais diversas formas

Durante os anos de graduação na Faculdade de Direito da PUC de São Paulo (1993 a 1997), Bruno Vichi se especializou nos estudos em direito público, tendo sido monitor e posteriormente professor assistente do Prof. Dr. Márcio Cammarosano na cadeira de Direito Administrativo. Ao mesmo tempo, é uma época de experiências universitárias intensas (ah! os Jogos Jurídicos…), descobertas de novas culturas e experiências que incluiram desde viagens de mochilão pelo interior do Brasil e América do Sul até intercâmbio de estudos na Universidade da Califórnia (UCR).

 

Trajetória profissional que se inicia. Imersão nos estudos acadêmicos. A vida como advogado atuante

Já no primeiro ano da faculdade, Bruno Vichi começou seu estágio no escritório Trench, Rossi e Watanabe Advogados em São Paulo (TRW), associado ao Baker & McKenzie e lá permaneceu por 9 anos (1993-2002), tendo atuado nas áreas de Direito Público, incluindo temas de Direito Administrativo, Privatizações e Concessões e Direito Antitruste, sob a coordenação dos sócios internacionais Luis Antonio D’Arace Vergueiro e Tulio do Egito Coelho.  Durante o summer de 1999, esteve na Harvard University (USA) cursando International Business e Modern Political Philosophy (graduate level). Posteriormente concluiu sua pós-graduação latu sensu em Direito Constitucional pelo IBDC em São Paulo. Ao longo de 2002 teve uma breve e exitosa passagem pelo escritório Manesco Ramirez, Perez e Azevedo Marques Advogados também especializado em temas de Direito Público.

 

Mestrado, publicações e caminhos como advogado e professor em Direito Publico

Em 2001, Bruno Vichi ingressou no mestrado em Direito Público da Faculdade de Direito da PUC de São Paulo sob a orientação do Prof. Adilson Dallari na cadeira de Direito Urbanístico, tendo concluído com nota máxima em 2005. Sua tese tornou-se livro publicado pela Editora Forum (“Política Urbana, sentido jurídico competências e responsabilidades”). Durante esse período escreveu vários artigos publicados em revistas especializadas de Direito Público e obras coletâneas organizadas por autores renomados (Adilson Dallari, Lúcia Valle Figueiredo). Durante esse período, enquanto auxiliava o Prof. Marcio Cammarosano na cadeira de Direito Administrativo do curso de graduação em Direito da PUC/SP, Bruno Vichi foi convidado a lecionar Teoria Geral do Estado e Direito Constitucional na Faculdade de Direito da UnIb, em São Paulo. Finalmente, integrou o grupo de professores assistentes do curso de pós-graduação latu sensu em Direito Administrativo do COGEAE/PUC-SP coordenado pelos Profs. Clóvis Beznos e Marcio Cammarosano, e que contou com a participação dos ilustres professores titulares da PUC/SP, Profs. Adilson Dallari e Celso Antonio Bandeira de Mello.

 

Engajamento em ações sociais e a semente de uma trajetória muito além do universo jurídico

Foi em 2000 que Bruno Vichi, juntamente com alguns amigos(as) e colegas do TRW conceberam uma ação social que viria se tornar a Associação Brasileira Ação e Cidadania – ABAC, uma organização da sociedade civil que realizou projetos na periferia de São Paulo (Perus e Capão Redondo). Sensível às questões sociais e às desigualdades estruturantes da nossa sociedade, começava aí seu engajamento em projetos e ações que transcendiam os temas tradicionais do campo jurídico, abrindo as portas para novos caminhos e projetos de vida.

 

Projeto de comunicação pública e a expansão da formação humanista em Brasília

No início de 2003 Bruno Vichi se mudou para Brasília e durante os quatro anos seguintes atuou como Diretor Jurídico da então Empresa Brasileira de Comunicação RADIOBRAS. Fez parte de uma equipe brilhante e inovadora liderada pelo jornalista e Prof. Eugenio Bucci. Ali se discutiram os caminhos para um autêntico sistema de comunicação pública para o Brasil, tema sobre o qual Bruno Vichi já havia se debruçado academicamente no âmbito jurídico. Importantes projetos foram realizados com a sua colaboração, como a reinauguração da histórica Radio Nacional (RJ), a criação de um projeto mesoregional de rádios públicas no Alto Solimões (AM) com programação em língua tikuna, parcerias para outorga de rádios universitárias, como por exemplo a Rádio UFMG Educativa, canal de integração regional sulamericana TV Brasil, dentre outras. Ao mesmo tempo, Bruno cursou as primeiras disciplinas de Ciências Sociais na UnB e inicia sua formação em psicanálise clínica pela IRPA em Brasília.

Imersão nas questões essenciais do sujeito a partir do olhar da tradição budista tibetana

Ainda inquieto e questionador sobre os temas associados à natureza da realidade e da experiência humana, em 2004, Bruno Vichi ingressou numa jornada de imersão profunda sobre temas existenciais e no ano seguinte ingressou na via formal da tradição budista. Como Vice-Presidente e posteriormente Presidente do Centro Budista Tibetano Kagyu Pende Gyamtso em Brasília, Bruno colaborou com a vinda de importantes mestres tibetanos de diversas tradições do budismo vajrayana para o Brasil, trabalhou na tradução de textos clássicos e contribuiu com a organização e preparação para o primeiro retiro tradicional de 3 anos 3 meses e 3 dias que seria realizado anos depois no Distrito Federal, sob a orientação dos Lamas Trinle Kunkyab e Sonam Sherpa, e os auspícios de Kyabje Kalu Rinpoche, detentor da linhagem Shangpa Kagyu. Além de iniciar seu percurso no caminho mahamudra com Mingyur Rinpoche em São Paulo, por duas vezes (2008 e 2009) esteve na India em audiência com os grandes mestres como S.S. 17o. Karmapa Orgyen Trinle, Vajradhara Changon Tai Situ Rinpoche e Kyabje Kalu Rinpoche.

 

Primeiro retiro tradicional de 3 anos 3 meses e 3 dias no Brasil – total reclusão

Em meados de 2007, Bruno Vichi concluiu sua formação em psicanálise clínica e passou a atuar como analista até início de 2010. Em 13 de março de 2010, juntamente com outros amigos do dharma, Bruno Vichi ingressou no primeiro retiro tradicional do budismo tibetano de duração de 3 anos 3 meses e 3 dias realizado no Brasil. Em total reclusão, os retirantes seguiram a rigorosa disciplina de praticas de meditação da linhagem Shangpa Kagyu, tendo concluído o programa de forma integral no dia 22 de junho de 2013. Após a autorização expressa do detentor da linhagem Kyabje Kalu Rinpoche, Bruno Vichi passou a dar ensinamentos tradicionais do budismo tibetano, nesse contexto usando o seu nome tradicional Lama Wangdu (ou Lama Bruno, como preferem alguns).

Retorno profissional e atuação junto a sociedade civil organizada: um giro pelo Brasil

De volta a atuação profissional, Bruno Vichi retomou sua atividade como consultor do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD) e para a UNESCO junto à Secretaria Geral da Presidência da República na concepção do Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (MROSC), entre os anos de 2014 e 2015. Atuou no debate e capacitação de mais de 2.400 agentes políticos e gestores públicos federais, estaduais e municipais de 94 entes da federação sobre as novas regras de parcerias entre a sociedade civil organizada e o Poder Público. Ao mesmo tempo, seguiu sua atividade no contexto tradicional budista e seus estudos no campo do bem-estar e saúde mental.

A vida de estudos na Índia, retiros e encontros especiais

A realização de uma antiga aspiração de morar na Índia veio em 2015. Com o objetivo de apurar o estudo da língua tibetana e aprofundar seus estudos em filosofia budista com geshes da tradição escolástica Gelugpa, Bruno Vichi morou em Himachal Pradesh, onde fica grande parte da comunidade tibetana e monastérios em exílio, o Library of Tibetan Works and Archives (LTWA), e a residência de SS Dalai Lama. Um ano sabático de profunda imersão com estudos acadêmicos no LTWA, retiros de prática de meditação com Jestum Tenzin Palmo e Vajradhara Tai Situ Rinpoche, além de encontros raros com mestres e yogues.  Em meio a tudo isso, novos rumos de atuação e vida estavam sendo engendrados.

 

Encontro marcante com SS Dalai Lama. Ciência e tradição seguindo juntas em novos caminhos

Inspirado pelo Projeto Encontro de Saberes liderado pelo amigo e Prof. Titular do Departamento de Antropologia da UnB, José Jorge Carvalho, e num esforço conjunto com ele, levou-se adiante a iniciativa de assinatura de um Memorando de Entendimentos entre a Library of Tibetan Works and Archives (LTWA) e o INCTI/ UnB para intercâmbio de experiências e saberes. Nesse encontro com SS Dalai Lama, Bruno Vichi pôde apresentar o conteúdo dessa iniciativa que foi devidamente assinada entre as instituições. Associada a ela estava a profunda motivação que Bruno gestava de viabilizar diálogos que proporcionassem a mediação entre as diversas formas de saberes (sejam tradicionais, filosóficos, seculares e/ou científicos). O resultado foi que essa conversa acabou se estendendo e se tornou determinante para novas possibilidades de atuação que Bruno assumiria daí por diante.

Nasce o Studio DMS – Diálogos Mediando Saberes. Muitos repertórios em um só lugar

O ano de 2016 marcou o início das atividades do Studio DMS  – Diálogos Mediando Saberes, com sede na cidade de Brasília. O espaço abriga as atividades de atendimento individual e cursos de meditação. Nesse mesmo ano Bruno Vichi concluiu outras formações para além de sua atuação como psicanalista: Practitioner de Florais de Bach – Niveis 1, 2 e 3 pelo Instituto Bach, mediação pela Georgia University, coaching pessoal pela SLAC e instrutor do protocolo de meditação Cognitively Based Compassion Training (CBCT), que passaram a integrar sua atuação profissional.

 

Aprofundamento das experiências nos diversos campos de saberes

Acreditando no profícuo diálogo entre saberes dos campos acadêmico, científico e contemplativo e profundamente inspirado nos encontros desta natureza promovidos desde 1987 pelo Mind & Life Institute, idealizado por SS Dalai Lama, Ph.D Francisco Varela e Adam Engle, Bruno Vichi aprofundou seus estudos e capacitação para o atendimento de demandas de seu público, tornando-se instrutor sênior do CBCT e facilitador do programa de Aprendizagem Sócio Emocional e Ético – SEE Learning ambos pelo CCSCBE da Emory University. Além disso, nos últimos anos participou de intensos ciclos de formação e prática de meditação no contexto do budismo tibetano realizados em Monastérios situados na Índia e Europa.

 

Terapeuta, mediador, professor e lama. Seguindo a trajetória com motivação e propósito

Desde 2015, Lama Bruno tem atuado intensamente na promoção da filosofia budista por meio de ensinamentos, palestras, estudos e retiros de prática presencias no Centro Budista Tibetano Kagyu Pende Gyamtso, localizado em Sobradinho (DF), Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, e também online. Além disso, durante os últimos anos, Bruno Vichi tem ensinado o programa de 8 semanas de meditação em compaixão CBCT da Emory University. Centenas de pessoas Brasil afora já se beneficiaram desse programa de forma presencial ou online: estudantes, professores, educadores, profissionais da saúde e pessoas em geral. Recentemente foi convidado a lecionar no curso de pós-graduação latu sensu  ”  Meditação e Mindfulness”, oferecido pela Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.

 

Um presente da vida

Acreditando que é possível viver uma vida com propósitos profundos, integrada a uma experiência familiar verdadeira, Tatianna e Bruno são casados e desfrutam da alegria de poder aprender e educar o Fernando, com muito amor, pelos caminhos da vida.